As Flores do Barlavento foram criadas no verão de 2020, por um grupo de locais do Sudoeste de Portugal que procurava uma forma prática de trocar bens e serviços com outros locais de forma simples e sustentável. Vemos isso como uma forma de atender as nossas necessidades práticas e, ao mesmo tempo, conectar e empoderar a nossa comunidade. Para saber como tudo começou, clique aqui.


Como FLORescer?
Juntar-se à nossa comunidade é fácil. Leva apenas alguns minutos para te inscreveres e podes começar a interagir imediatamente, oferecendo os teus talentos e produtos. Depois de te registares decides qual é o valor das tuas ofertas e adicionas uma imagem/ descrição dessas mesmas.
Como valorizar a tua oferta?
O princípio básico de troca é que uma hora vale 10 FLORes. No entanto, trabalhar com ferramentas caras ou mão de obra altamente qualificada poderá ser mais valorizada. Se não tens a certeza do que oferecer ou como valorizá-lo, podes verificar as ofertas de outras pessoas para te inspirares.
Como cobrir os custos?
Também é possível juntares euros ao cálculo de produtos ou serviços que impliquem custos em euros. Por exemplo: ao oferecer um bolo de chocolate ou uma viagem de táxi podes adicionar ingredientes ou gasolina em €. É sempre uma questão de prévio acordo mútuo entre os dois que fazem a troca.
Qual é a relação com o dinheiro?
Preferimos não fazer comparações com o dinheiro. As flores são unidades de troca e são simplesmente números (sem valor fora do nosso sistema), registados na plataforma do CES onde cada utilizador tem a sua conta pessoal.
Como manter o equilíbrio?
Quando recebo serviços ou bens de um membro da comunidade, a minha conta é debitada (-) no valor acordado de Flores. E vice-versa, sou creditado (+) quando estou no outro do lado da troca. Para garantir um certo equilíbrio, estamos limitados ao máximo +400 e -400 Flores. Desta forma, serás lembrado de receber também quando estiveres principalmente a dar e vice-versa. Não precisas esperar que alguém compre ou use um serviço teu para começar a trocar, também podes começar por receber.
Como apoiar o grupo que administra a plataforma?
No momento da criação da tua conta são debitados 20 Flores que serão utilizadas para retribuir a equipa dedicada e responsável pelas Flores do Barlavento. Desta forma, evitamos os típicos esgotamentos que organizações sem fins lucrativos tendem a sofrer.

No verão de 2020, um incêndio devastador alastrou-se durante quilómetros no sudoeste de Portugal. Em questão de horas, a paisagem transformou-se num cemitério de árvores mortas e terra negra fumegante. Muitos dos membros da nossa comunidade perderam tudo o que tinham. Podes imaginar a perda e a perplexidade que sentiram ao ver anos de trabalho na terra e construção de vidas sustentáveis partir com o fumo…No entanto, uma das coisas surpreendentes que surgiu desse incêndio é um desenvolvimento bonito e muito orgânico da comunidade. Foi realmente inspirador ver a rapidez com que os vizinhos (próximos e distantes) se reuniram para ajudar. Assim, pequenos grupos foram formados para ajudar a limpar a terra, replantar a vegetação e partilhar ideias sobre como tornar a terra mais resiliente contra possíveis incêndios futuros.
Então surgiu a necessidade de organizar essas partilhas de forma mais estruturada e eficiente. Além disso, havia muitas pessoas que não foram afectadas pelo incêndio que queriam ajudar e nós queríamos encontrar uma forma de retribuir-lhes esse favor algum dia. Foi então que surgiu a ideia de criar um sistema de troca para organizar toda essa generosidade. Começamos a pesquisar os sistemas existentes e encontramos a plataforma CES onde registramos a nossa própria Flor. Hoje temos muitas pessoas circulando à volta desta ideia e mais bens estão sendo trocados, além das mãos que ajudam.

Há muitos benefícios em trabalhar com as Flores. Um dos aspectos mais importantes para nós é a conexão, embora a tecnologia nos tenha conectado de maneiras incríveis, começamos a perceber que há outras conexões que parece ter-mos perdido. De alguma forma, tornou-se normal não conhecermos os nossos vizinhos ou de onde vem a nossa comida. Já não sabemos quem plantou aquela colheita, e a maioria pouco sabe sobre as pessoas que constroem as nossas casas ou vêm arranjar as nossa canalizações. Outra coisa incrível da Flores é como ela transforma a nossa relação com as coisas e serviços que usamos, e como nos aproxima dos nossos vizinhos. Por mais pequeno que seja o contacto em ir buscar um saco de laranjas, que alguém apanhou no seu jardim, ficamos sempre com uma pequena ideia de onde vêm essas laranjas e de que as apanhou. Descobrimos que, na realidade, muitas novas amizades e colaborações brotam da simples interação em obter comida ou arranjar o carro.
